quinta-feira, 13 de dezembro de 2012



somos signos, somos bichos
todos tortos, a ponta pés e socos
secos, somos, soltos
vemos cores altas,
mergulho em sombra sólida

viemos de um outro antes
partimos prum longo depois
vimos santos, dias sós
rios de um bom porém

luzes de todos os sóis
noites de todas mudanças
irmãos de todos algozes

sentimento nas diversas letras
somos nós em todos os eus
mil partidas em cada nascer
trajeto curto nesse existir

e mais larga retorna a multidão
diária sede de reacender
estrada oculta pra desatenção
brilho milenar, oriente-ação





segunda-feira, 12 de novembro de 2012





carta pra Ela.

Eu sei, é um doce te amar, o amargo é querer te encontrar. risos. As impossibilidades são sempre passageiras, né? Nesse obstáculo aí, construímos séculos de amizade e amor puro. Esse espaço e tempo diferentes serão um minuto.

Mas eu, como belo encarnado, gostaria das miudezas dessa vida ao teu lado- imagine a gente reinando, comendo um miojo! - como também ao lado dos amores refeitos aí em ef....

Mas enfim, romper esse egoísmo de não querer perder o imediato. Já aprendemos que se "perde' hoje pra ganhar pela eternidade.
A vida segue grande, assim como nós (tentamos)!

Te amo,_____!

Amor que não se consome, se multiplica. te (me) dilata. me (te) expande. nos simplifica

terça-feira, 30 de outubro de 2012




amar-te
se mar-me
fosse até
paz-me
faze-me
fé de vez
sei-me, rei-me
disse lá
enchi-te no pote
de mim mesmo
deixei-te
em movimento
de ser-se
nó num escrito belo
de tristeza doce
movimentar-nos-íamos
transformar-nos-rei
somos santos cegos
duas crises sãs
quero-te-me
mas pra lá de antes
agora-nos
ainda
é par de estar
 no colo de Deus.




Entre um pingo de lágrima
e o sabor de um sorriso retribuído
existe uma poesia que traça
a ilusão da alegria
e a crueza da dor.


O dia e a noite articulam um destino
e os sorrisos mentem dele gostar

segunda-feira, 17 de setembro de 2012




Mantendo meu auto-humor cósmico contra o cinismo da vida.

- Alcei novos vôos, com a certeza de te encontrar em outros ares.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012




Vão vaiar,
se não conseguir o valor estimado
se não estampar a estampa correta,
É, vão vaiar

Se não for negligente
Ou de se queixar da corriqueira ausência,
Vão vaiar,
Se não se limitar ao (in)suficiente do corpo

Vão sim,
se nasce pr'áquilo
com protocolos e prontos
de secas veias enfeitadas

quinta-feira, 13 de setembro de 2012




Diz pra ela , Tião
no meu mundo glacê
quem, de fato, quer
tem que renascer

diz pra ela : não!
seu chorar é vão
colori a vida
beijo e despedida

quinta-feira, 6 de setembro de 2012




"A maior pena que eu tenho,
punhal de prata,
não é de me ver morrendo, 
mas de saber quem me mata." 

domingo, 19 de agosto de 2012



Ao bom lavrador, vasta é a lavra.
Do olhar sensível e sincero, o eterno se vê.

Seria um pecado inventar um passado em que a simples lembrança já traz arte incalculável.

E era uma rua famosa, cheia de arcos. Desfilavam na rua os saltos vigorosos, mas tontos. Saias coloridas carregavam mulheres, que em aparecida discrição, contraste mais que planejado, semeavam desejos, olhares e negações. Quanto a isso, pouco há de se falar agora. As mesas lotadas, pingavam cerveja, sustentavam alimento gorduroso e serviam funcionalmente pro tradicional momento de descarga cotidiana. Argentinos passavam calados, algumas suecas se desentendiam com mendigos, alguns namorados protegiam suas respectivas como se carregassem um feto na mão. O cenário era lindo também. O show de emoções me emocionava, desatava alguns nós passados e formulava desejos imprevisíveis. Aquela morena me olhando do outro lado da mesa, o cara de bigode e sisudo, a história do garçom sorridente. Os sons se misturavam com as lembranças, por hora as excitações transbordavam, a alma se sentia em Casa, num turbilhão de vontades externas e internas, porém, num autocontrole de quem desarma uma bomba. A missão era digna. Sempre é. O palco era cheio de atores dispostos e as intensidades se personalizavam nos sons, nos cheiros e em todos os movimentos intencionais. Via muito nos detalhes, entrava no esconderijo de cada desvio. Sabia a importância de cada contexto.

Eu carregava (Não, eu carrego!) duas Rosas. Dizem que as melhores flores são as roubadas. Essas não se pode roubar, porque não se pode vê-las, enquanto não as conquista. Uma se chama pacificação. A outra se chama compreensão.
Naquele momento eu percebia que as Rosas não eram (são!) minhas, embora eu possa desfrutar de sua posse. Já havia me preparado pra alegria de outro momento, porém, a gente só dá a vontade, quem dá o trabalho é Ele.

O pretinho de olhos fechados se aproximava, como quem não quer nada, no passo bambo da desconfiança.
Pretinho não! Preto é cor. Ele era negro.Ele era muito negro. Negro é raça, é história.

E o papo era assim:

-O patrão me dá um dinheiro?

Eu era o patrão. Das funções sociais que não quero ocupar, talvez essa seja a mais nojenta.

-Patrão, não! Sou irmão, porra! Vamos conversar.

Era disso que se tratava. O famoso 'olho da pedra'.  Um leve toque no olho da pedra desmonta a maior de todas as rochas em pedaços insignificantes. O homem desaguaria a chorar naquele momento, (in)oportuno demais pra nós dois, talvez.

-Eu te vi de longe. Sabia que podia contar com você. Eu vi o sofrimento no seu semblante. Você tá sofrendo por ela. Eu sei como é isso. Eu passei pelo que você tá passando.

A reação foi automática. Eu não estava pensando Nela. E, realmente não estava. Mas, pensei mais tarde.

-'Ela' quem, pô? Eu tô bem, tô suave. Se tranquiliza e senta aê!

Numa demonstração clara de inferioridade interiorizada, numa síntese confusa de culpas, ele desabafou sem temer o mundo, mas temendo a si mesmo:

-Eu já fui como você. Bonitão, cheio da juventude. E comia mesmo. Elas me queriam. Você sabe como é, elas querem mesmo! Eu era O Negão! Po, eu era O Negão! Eu tenho quatro filhos na favela, graças a Deus. Hoje não posso conversar com eles. Estou há 5 anos nessa condição. Mas minha mulher descobriu e quando ela me traiu, eu não aguentei. Tu sabe como é, o sangue sobe a cabeça. Hoje meus filhos moram lá, sem a mãe. Eu tô nessa condição que um dia cada um de nós pode estar. Dormindo na rua, vivendo da ajuda. As ilusões já passaram, hoje eu sou isso aqui. Hoje eu percebo quem é quem de longe. Eu to vivendo as consequências do que eu fiz, eu sei disso. Eu era O negão! Hoje sou isso aqui.

Atento ao palpável, o invisível já atuava ali há muito tempo. As ajudas verdadeiras e eficazes podem ser caracterizadas por um qualitativo fundamental: o seu silêncio! Ver esse homem sendo empurrado por garçons, condenado pelos clientes do bar, invisível para os homens de terno ou calça jeans era a prova de que só o trabalhador dedicado pode ver as oportunidades de trabalho onde aparentemente está o cenário habitual. Energeticamente, as trocas já eram validadas, como instrumento já havia me posto, como ele também, ao me trazer rara ajuda e autocompreensão.

-Se pacifica, amigo. Você só se verá por completo quando for totalmente transparente. Então se limpa primeiro. Pensa em você, em largar essas culpas. Você vai ver que toda consequência, contingência do plantio, é oportunidade dolorosa ou prazerosa pra minha, pra sua, pra nossa compreensão. Você tá aqui comigo, eu aqui com você  e nesse momento a gente vai fazer de tudo pra plantar o melhor possível. Uma passada bem dada é a possibilidade de ver mil imagens que não se podia ver no dia de ontem. Tu já tá compreendendo muito.

Podia parecer esnobe, mas o carinho recíproco espelhava a verdade de cada personagem do diálogo. Eu não queria resolver os problemas (assim chamados por nós, por falta de cuidado conceitual) daquele homem naquela conversa de meia hora, ele ainda tinha o pão pra ganhar. Nem ousávamos mudar o mundo, só era um tentativa mútua e sincera de achar o nosso significado naquele coletivo de nós e de mundo.

Eu vi o que a simples descrição não captura.

O momento épico, ou a conversa, como queiram, terminou com algum dinheiro na mão do ex-Negão e a seguinte frase dita pelo ilustre:

-Hoje, a multidão não me vê, mas, hoje, eu vejo a multidão.

Foi um êxtase.Uma prévia do orgasmo espiritual que eu teria no dia seguinte. Era só isso que eu queria que fosse sincero.

"A multidão não me Vê, mas eu Vejo a multidão."

-Vá em paz, meu amigo!

segunda-feira, 23 de julho de 2012




- Você ia mudar o mundo, querido.
Em três passos automáticos fico de frente para a janela e passo a sentir meu reflexo se misturar à cidade. Penso no que poderia ser e não fui, mas não devemos amar nosso destino?
- Ó, minha alma, deixe-me estar com você agora! Onde está a tua voz que sussurra falta pouco, falta pouco. Falta pouco e poderei ficar tranquilo enfim.

quarta-feira, 11 de julho de 2012




Ela me olhava com os olhos quentes e aquele sorriso-bahia

Não resisti.

-A gente é muito eterno pra sentir medo.


segunda-feira, 2 de julho de 2012




olhos de ver
ouvidos de ouvir

agir
sentir
diferente

epífise desperta o todo
transforma o sonho em sopro

espírito navegante
água calma e cristalina

brisa leve
sono de menina

terça-feira, 26 de junho de 2012





"Mas é doce morrer nesse mar de lembrar
 E nunca esquecer
 Se eu tivesse mais alma pra dar
 Eu daria, isso pra mim é viver"

sábado, 23 de junho de 2012



Construir
destruir
no perdido
viver
não há fim
todos
caminhos
possíveis

Remo assim,
choro cá, rio lá

quarta-feira, 13 de junho de 2012



"Felizes aqueles que esquecem.
 Mais felizes ainda são os que lembram e tem uma profunda introspecção."


sexta-feira, 8 de junho de 2012



Acorda, meu senhor
que o trânsito parou
e você não quis ver mais

Pra frente, meu doutor
que a solidão voltou
pro amor ficar em paz

sexta-feira, 1 de junho de 2012






“Amanhã é o dia dos planos,
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo; 
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... 
Tenho vontade de chorar (...)”

terça-feira, 29 de maio de 2012



Sabe lá quanto pede o pedido
De quem já sofreu de amor
Já se sabe que o canto e os santos
Só sambam pra quem já pecou

E perdeu se não fez
De outra dor
razão de viver

Não sofreu se no peito
Do amargo passou sem tremer

Se há beleza é porque
O encanto só dorme
pra se reinventar

A tristeza chorada
É cultivo do dom de andar

Saber é prazer
De quem leu um livro atroz
E pra ser homem forte
É preciso nascer bem do pó

Que doçura ter pelas
Barrigas mais rostos querendo falar
Da morena no quieto da esquina
Calando o peito a jorrar

Se hoje posso falar de amanhã
É porque enxergo de sol
do bonito, abrigo, sentido
De ver onde só

É perito e preciso
Ter toda coragem pra ver
Que resposta não ta no caminho
Estrada convida pra dentro do ser

Posso março, abril
E sereno da moça que vai
A cachaça, o samba
E o azul de amor de um pai

Vê: renasce do medo
O sossego
de ver
a vida sonhar

Flor das novas e velhas
Sedes do acordar

É a paz, há de ser
Quando houver de raiar







"O amor que trocaram é assunto pra duas vidas inteiras."

segunda-feira, 28 de maio de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012



Aquelas palavras parafraseavam a vida dela.
A dobradiça é isso. O movimento que pode ser infinito, porém, limitado.

Aquilo ecoava dentro de mim. Não importava, os outros beijos seriam apenas de carência ou de diversão...

terça-feira, 24 de abril de 2012



Aqui me encontro como não me quero
não sei se me faltam as pernas ou o caminho
pior que a tristeza é a falta de satisfação
como já dizia Gullar,
o pão é caro e a liberdade é pequena